sábado, 25 de dezembro de 2010

Quando Ele Canta

Quando ouço uma suave melodia
Sei que ele está tocando
Transformando música em poesia
Meus sentimentos vão mudando

Quando seus dedos parecem dançar
Docemente pelo teclado
Fecho os olhos para encontrar
Seu imenso brilho ao meu lado

Quando ele toca nas cordas
De um velho violão
Ele desperta as notas antes mortas
Cantando uma linda canção

Sua voz é tão bela
Que o mundo se cala para escutar
Aquela nota singela
Que ele não se esforça para alcançar

O timbre é perfeito
E a letra virou poesia
O que precisava ser feito
Era combinar a voz na melodia

Quando o vejo cantar
Não consigo acreditar na minha sorte
De poder encontrar
Alguém que faz meu coração bater mais forte

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Para aquele que não se importa
Para aquele que é especial
Para aquele que não gosta
Desejo um Feliz Natal

Uma noite iluminada
Por estrelas e luzes da cidade
Um beijo da pessoa amada
Um coração cheio de felicidade

Um lar repleto de risadas
Alegria em cada olhar
E quando chegar a alvorada
Presentes para desembrulhar

Uma noite de paz
De ternura e de perdão
Uma noite que é capaz
De trocar o ódio pela afeição

Mas que não seja
Apenas na noite de Natal
Que você distribua amor numa bandeja
Para quem você considera especial

E que todas as noites você se lembre
Do então esquecido significado
Do amor que se guarda sempre
Das pessoas que estão ao seu lado

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Show de Truman

E se a sua vida fosse um filme?
E se você descobrisse que todos com quem vive estão ensaiando falas, entregando sorrisos prontos, seguindo passos já previstos, dizendo conselhos preparados muito antes...
E se você descobrisse que tudo o que você faz está sendo gravado, e será passado numa tela gigante? E se tudo o que você viveu já estivesse lá antes de acontecer? Se cada movimento fosse calculado e cada pensamento dependesse de um roteirista descontrolado, cada tempestade de um diretor louco, um cineasta ambicioso, um produtor insuportável...
Se todos os seus amigos, sua família fosse escolhida a dedo, cuidadosamente; se cada crise, cada briga, cada momento importante não passasse de uma cena a mais?
E se as músicas não passassem de uma trilha sonora? Ou se as confidências constituíssem um simples diário? Se o sonho não terminasse porque era para esperar até o próximo capítulo de um show?
E se as danças fizessem parte de um estúpido musical? Se cada dia fosse controlado, se você não passasse de uma simples marionete? Se a sua existência dependesse do que foi escrito num pedaço de papel?
Se a lua fosse de papelão e o mar tivesse fim numa parede pintada? Se a cidade não passasse de um cenário enorme?
Se cada perda de fôlego, cada suspiro fosse observado por um milhão de telespectadores ansiosos e alienados? Se a sua intimidade não fosse tão íntima? Se os seus segredos não fossem assim tão bem guardados?
Todos os dias começam com um céu azul e terminam no mais lindo pôr do sol, todos os momentos tristes fazem surgir uma única nuvem que te segue, só chove em você. Os produtos que você usa são patrocinados por marcas inúteis, o jornal só traz historinhas de mentira.
E se a sociedade inteira for uma mentira? Se as religiões forem hipócritas? E se ninguém se importa?
E se a sua vida for um filme?
- Não sei... Só quero que seja um filme com final feliz.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sentido da Vida

Um dia me vieram com uma pergunta...
"Para quê viver?"
Essa é uma questão que nunca muda
E que eu bem poderia esquecer

Às vezes parece
Que quem tem olhos não enxerga
A beleza que todo dia cresce
O brilho infinito diante de uma sociedade cega

Como será possível
Que eles não sintam a fragrância da flor?
E ainda dizem que é impossível
Para mais de uma pessoa doar todo o seu amor

Eu não entendo...
Eles não vêem o mesmo pôr do sol que eu?
Eu não compreendo...
Como você pode perder algo que nunca foi seu?

Eles dizem que o mundo está perdido
Mas são eles a própria causa
Da perda de todo e qualquer sentido
Do qual eles sentem tanta falta

domingo, 19 de dezembro de 2010

Amorpan

Esse texto e o seguinte (Regras do Jogo), foram criados para fazer parte de um trabalho de Redação. O gênero era "texto instrucional" e o tema era livre. Nosso grupo escolheu algo bem clichê e divertido de ser trabalhado: o amor. Bem, depois que os textos foram devolvidos, decidi deixar os que eu escrevi aqui, para quem quiser ler. Essa é uma bula de remédio, para quem precisar. Digamos que foi um trabalho de Redação que deu certo...

Bula de Remédio
Amorpan
           
FORMAS FARMACÊUTICAS E APRESENTAÇÕES
Solução Injetável: embalagens com 4 e 200 ampolas de 4ml
Solução Oral (gotas): frasco com 20ml
Cápsulas: embalagem com 20 cápsulas
USO ADULTO E PEDIÁTRICO
Composição
            Cada ml/ cápsula contém:
Cloridrato de carinho ................................................................................. 500mg
Afeição sódica ............................................................................................. 60mg
Metilbrometo de ternura .............................................................................. 30mg
Extrato de ciúme ........................................................................................ 2,5mg
Essência de atenção ................................................................................. 500mg
Lágrima concentrada .................................................................................. 60mg
INFORMAÇÃO AO PACIENTE
            O Amorpan é uma associação analgésica e estimulante, usadao no tratamento de manifestações dolorosas, após brigas e desentendimentos e casos de carência. O início da ação ocorre em cerca de vinte minutos após sua administração.
            O produto deve ser conservado em temperatura levemente elevada, entre 35 e 40ºC, perto do coração. As cápsulas devem ser protegidas do ódio. O prazo de validade do produto, quando observados os cuidados de armazenamento, é de quando acabarem os abraços, a partir da data de fabricação, impressa na embalagem. Não tome medicamento vencido, pode prendê-lo no passado.
            Informe seu médico sobre a ocorrência de gravidez durante ou logo após ter feito uso do produto. Precauções devem ser tomadas durante a gravidez, principalmente nos três primeiros meses e nas seis últimas semanas.
            Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento.
            Interrompa imediatamente o uso desse produto e consulte o seu médico se surgirem manifestações de rejeição em sua pele, aceleração excessiva do coração (bater mais de 100 vezes por segundo) e dor no peito.
TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS
            Os pacientes sob tratamento com o produto não devem ingerir bebidas alcoólicas. O álcool intensifica a ação do extrato de ciúme e pode causar alucinações induzidas pelos desejos do remédio.
INDICAÇÕES
Amorpan está indicado:
- como medicação analgésica em momentos de desespero
- como medicação estimulante em situações melancólicas
- no alívio de manifestações dolorosas, em particular cardíacas, na alma e no corpo
- para dor de cabeça, cansaço, insatisfação, indisposição e mau humor
- para casos de carência crônica
CONTRA-INDICAÇÕES
            Não é aconselhável a administração do remédio à pessoas ansiosas, que vivenciam momentos com muita intensidade. O produto pode causar dependências químicas e o uso desnecessário pode provocar rejeição, que acarretará em dores intensas, disfunções cerebrais, homicídios, obsessões e morte.
PRECAUÇÕES
            Deve-se evitar o uso em crianças abaixo de 5kg de peso ou de 3 meses de idade. Crianças até cinco anos não precisarão do medicamento, devido à inocência e pequenez de vida. Substitua, nesse caso, o medicamento por amor paterno e materno.
            Pessoas que apresentam problemas cardíacos ou que usem marca-passos devem ter cautela com a quantidade ingerida.
REAÇÕES ADVERSAS/COLATERAIS
            As seguintes reações adversas e/ou colaterais podem ser observadas com o uso de Amorpan:
- aceleração do ritmo cardíaco
- aumento da produção lacrimal
- urgência de abraços
- suavização no tom de voz
- ansiedade causada no encontro de olhares
- insônia
            Ocasionalmente podem ocorrer sorrisos sem motivo, vermelhidão nas maçãs do rosto, carícias delicadas, sussurros ternos e arrepios leves.
POSOLOGIA
Solução Injetável
            Uma a duas ampolas por via intramuscular, toda vez que algo terrível acontecer, ou quando alguém precisar do seu perdão.
Solução Oral (gotas)
            20 à 30 gotas, quatro vezes ao dia, em dias bons, e cinco vezes ao dia, em dias ruins.
Cápsulas
            Uma cápsula, duas vezes a cada grito.
OBSERVAÇÃO
            O tempo de duração do efeito do produto é indeterminado, fazendo com que as reservas de afeto, ternura e atenção sejam infinitas; o amor que poderá vir a ser distribuído equivale à fórmula de infinito fatorial multiplicado 3 vezes pelo tamanho do Universo.

Regras do Jogo

Um novo jogo de tabuleiro foi lançado no mercado: o jogo do amor. Este jogo é muito fácil de aprender, mas muito difícil de vencer. Leia abaixo as regras que seguem e divirta-se com esse novo produto da Glow.

1) Peças do Jogo
O jogo é composto de um tabuleiro com tamanho de uma vida² [uma vida ao quadrado];
É composto de 2 peões, um vermelho e um branco;
Possui 2 dados, 2 lápis e 1 borracha.

2) Como Jogar
O jogo inicia-se na primeira casa, que pode ser identificada por "nascimento". Um beijo decide quem começa o jogo. Após lançar os dados, avance o número de casas que foi dado. Na casa em que parar, faça uma marca com o lápis, escrevendo algo para o seu oponente. Depois passe a vez para o outro jogador. Não escreva em casas já marcadas.

Avançando nas casas do jogo, adquire-se vários pontos; nas casas roxas, adquire-se ternura (50 pontos), nas casas brancas, carinho (25 pontos), nas casas azuis, atenção (100 pontos), nas casas amarelas, abraços (20 pontos); nas casas vermelhas, paixão (200 pontos).

Entretanto, há também as casas nas quais se perdem pontos: se cair na casa verde, dos ciúmes, perca 30 pontos; se cair na casa preta, do ódio, perca 60 pontos; e se cair na casa marrom, da inveja, perca 80 pontos e fique uma rodada sem jogar.

Escreva nas casas tudo o que você sentir durante o jogo, sejam palavras ternas ou odiosas. Apague o que foi escrito sem pensar, ganhando 40 pontos de perdão. Cuidado ao utilizar a borracha, como há somente uma, não tente apagar tudo, pois ela irá acabar e os piores erros ficarão marcados.

O jogo acaba quando as casas de ternura forem cobertas de remorso, quando as casas de carinho forem completas com hipocrisia, quando as casas de atenção se esgotarem em indiferença, quando as casas amarelas forem cobertas por gritos e quando as casas de paixão forem abandonadas por um dos participantes.

Ganha o jogo quem tiver mais pontos e tiver derramado mais lágrimas, apagado mais pensamentos e tiver alcançado o fim, na última casa, com a certeza de que algo valeu a pena.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O Ponteiro, O Relógio, O Tempo

Você já parou para pensar
Como passa rápido o tempo?
Não existem horas em que você queria voltar
E viver mais um pouco aquele momento?

Sentir a brisa que movimenta as nuvens
Andar descalço na areia da praia
Contar no céu quantas estrelas surgem
Vestir uma sandália e uma saia

Você já olhou para o relógio
E viu uma eternidade se passar de uma vez?
Você já passou o dia inteiro sem relógio
E realizou sonhos com imprudência e insensatez?

Já parou para observar
Que quando o sol vai embora
Seu brilho continua no mar
Independente da hora?

Você já teve a paciência de esperar
Um botão de flor crescer?
Você, alguma vez, conseguiu presenciar
O que ninguém mais pôde ver?

O tempo passa e nós envelhecemos
Mais rápido do que o movimento dos ponteiros
A vida acabou e nós não percebemos
Não pudemos aproveitar momentos inteiros

Mas os dias trazem
Coisas que os anos não descobriram
E as alegrias fazem
Voltar as lembranças que fugiram

Porque no final só resta a história
De uma vida que passou
Quem irá contá-la é a sua memória
E não o ponteiro do relógio que parou

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Abraços

Para mim a melhor demonstração de carinho
Se dá por meio de um abraço
Quando se está desesperado e não pode escolher o caminho
O melhor consolo é o abraço

Essa ação não exige diferença de sexo
Ocorre entre amigos e amantes
É na verdade um pouco sem nexo
Pois acontece com pessoas próximas e distantes

Não precisa ser um abraço de tristeza
Não serve só para colher lágrimas. Na verdade
Serve tanto para passar sensação de firmeza
Quanto em momentos de muita felicidade

Um simples abraço pode ter muitos significados:
Amor, amizade, afeto, consolo, dor...
Abre os corações antes fechados
E os faz perceber seu valor

Abraço  não pode ser comprado
Cada um é único
E pode somente ser conquistado

Qualquer um pode ter abraços
Dá, mesmo aquele que não está vendo
E os têm, mesmo quem não tem braços,
Pois eles podem estar recebendo

Abraço mata a saudade
Supre (ou desperta) desejo
Elimina (ou ativa) a vontade
De terminar com um beijo

É quando você envolve e é envolvido
E duas pessoas emanam sua graça
Pode ser um namorado, parente ou amigo
O mundo pára quando você me abraça

Eu passo os braços pelo seu pescoço
E acaricio lentamente o seu cabelo
Eu sorrio quando suas mãos estão no meu pescoço
Seu abraço destrói meu pesadelo

E afundo a cabeça no seu peito
Pra você não me ver chorar
Eu te aproximo e sinto o seu cheiro
Quando você vem me abraçar

O Sorriso

"O sorriso é uma manifestação dos lábios
Quando os olhos encontram
O que o coração procura"

Você me faz feliz,
Me deixa boba
E só quero ouvir o que você diz
Pois os outros me chamam de tola

Só você sabe
Só você entende
Todos os segredos
Guardados em minha mente

Não paro de sorrir
Quando estou contigo
Isso porque não acredito que possa existir
Alguém tão perfeito para ficar comigo

E me esforço para resistir
À tentação de te beijar
Só sei que agora não vou conseguir
Parar de te abraçar

Queria poder te dizer
Tudo o que eu já senti
O medo constante de te perder
A saudade daquela vez que te ouvi
Cantar, pensar e viver
O canto mais doce que já vi
O pensamento tão longe de você
E a vida que ficas a viver

Cada momento,
Cada pezar
Meus sentimentos
Estais a levar
E meus pensamentos
Só podem falar
Que estou a te amar

E os meus olhos te encontram
Meus lábios manifestam num grito mudo
A felicidade do meu coração
Do meu amor, do meu corpo, do meu mundo.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sol, Flores e Refrigerante

Hoje o sol chegou cedo
Iluminando todo o meu ser
Agora eu já não tinha mais medo
De me entregar para você

Descobri que quando eu quis chorar
Você estava lá para me fazer sorrir
Quando eu precisei você veio me abraçar
Levando embora a dor que não queria ir

Descobri que com você sou mais feliz
Que eu sou realmente capaz
Coisas que antes eu nunca fiz...
Inexplicável alegria que você me traz

E fecho os olhos vendo
Que superei o meu passado
E mesmo assim, sendo
Não deixarei meu coração fechado

Porque lágrimas demais eu já chorei
E não quero mais sofrer
Porque lágrimas demais eu derramei
E preciso voltar a viver

Como de uma lenda, você surgiu
Se transformou no meu "príncipe encantado"
Me conquistou quando sorriu
Um rapaz tão ousado e insensato

Hoje o sol chegou cedo
Iluminando todo o meu ser
Uma luz me fez perder o medo
E eu me entreguei a você

Fiz Um Poema Com o Seu Nome

Fiz um poema com o seu nome
E nele escrevi versos,
Rimas e pensamentos dispersos
Num poema com o seu nome.
Aqueles dias que passamos juntos,
Naquelas tardes em que você sorria
De longos beijos e outros mundos,
O seu nome um poema escrevia

Já não sei nem como dizer
O quanto eu gosto de você
Rimas minhas não irão trazer
Gigantesco sentimento que não some...
Eu fiz um poema com o seu nome

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Chuva de Verão

Chuva de verão na primavera é assim:
Intensa, forte e passageira
Gotas de granizo que viram marfim
Feche os olhos e estará sob uma cachoeira

Chuva de verão na primavera é assim:
Limpa, refrescante e muito pura
Seguida de um pôr do sol que não tem fim
Incapaz de ser capturada numa pintura

Porque a tinta e o pincel
Não transferem para a tela o barulho
Dos trovões que se formam no céu
E caem sobre a terra num mergulho

Em zigue-zague os raios vêm
Iluminando toda a cidade
Cortando o horizonte e além
Na mais linda tempestade

São apenas 16 horas
E o mundo já escureceu
A chuva cai lá fora
Tocando a canção que emudeceu

Ah, chuva de verão
Que começou em Setembro
Alimentou o botão
Que virou rosa em Dezembro

Conto de Fada

Faça de conta que a Terra é colorida
Pelos lápis de cor da Faber Castell
Faça de conta que a burguesia foi vendida
E que bebidas alcoólicas viraram mel

Faça de conta que a poluição foi substituída
Por nuvens altas e brancas
Faça de conta que a Guerra foi vencida
Pela amizade e paz, irmãs santas

Faça de conta que não há mais ambição
Que os governantes viraram sapos
Esperando um beijo quebrar a maldição
Que estilhaça o mal e remenda os trapos

Faça de conta que todas as crianças
Têm uma mãe para abraçar
Faça de conta que todas as distâncias
Aumentaram para a saudade chegar

Faça de conta que carros poluentes
Viraram unicórnios inponentes
E que os prédios decadentes
Se transformaram em vagalumes e duendes

E que as cidades são agora mágicas
Os lagos, cristalinos
Com criaturas lindas e fantásticas
Com enfeites natalinos

Faça de conta que amanhã será melhor
Do que a realidade que foi o dia anterior
Um conto de fadas que eu conheço de cor
Separa um mundo de carinho e outro de dor

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sede de Palavras

A folha de papel que está vazia
Me pede um verso, um rabisco, uma canção
Mas como posso escrever a poesia
Se me falta a palavra e a inspiração?

O pedaço de papel rasgado
Implora por um esboço, uma nota qualquer
Um poema, assim, inacabado
Um pensamento que de repente vier...

A caneta, ansiosa, espera
Espera cada vez mais impaciente
Enquanto o papel se desespera
Para absorver a tinta ardente

A mão trêmula, obediente
Está ligada ao cérebro, como se fossem um só
Transcrevendo o que vem à mente
No momento em que o fogo trouxe o pó

Mas não surgem idéias
A criatividade abandonou a imaginação
Fundiram-se as Odisséias
Que Homero contou numa canção

Mas por onde andaram
As notas que eu ia cantar?
Por onde passaram,
Antes de se afogarem no mar?

Me abandonaram os versos
Já não querem mais voltar
Vagaram por outros Universos
Ajudaram as estrelas a brilhar

Mas a folha de papel ainda está vazia
Me pedindo palavras que eu não posso dar
Como posso escrever a poesia
Se não tenho mais voz para cantar?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Uma Árvore

Uma árvore tombou
E cresceu um prédio em seu lugar
Uma árvore que a chuva derrubou
E em cima do seu carro foi parar

Uma árvore morreu
Na queimada criada pelo Homem
Uma árvore padeceu
Para virar o caderno que suas crianças consomem

Uma árvore sumiu
Aquela árvore que tinha um balanço
A árvore na qual você subiu
Ou pendurou uma rede para descanso

Uma árvore caiu
E com ela foi-se um ninho
Aquela que floresceu em Abril
E abrigou um passarinho

Uma árvore foi embora
Para sempre, tão longe da civilização
A árvore que guardava a aurora
Foi substituída pela poluição

Uma árvore caiu
E ninguém sequer notou
Na cidade que surgiu
Uma árvore tombou

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Nos Muros da Escola

Vocês só ensinam
Teorias científicas
Fórmulas que ficam
Guerras pacíficas

No seu paradoxo entediante
Tantos nomes a flutuar
Não quero saber qual a estrela mais brilhante
Quero saber a causa dela brilhar

Não me interessa nada disso,
Essas provas sem fim
Todas essas matérias
Que só ensinam a dizer "sim"

Não quero saber de doenças que eu posso contrair
Não quero saber se eu vou morrer
Eu quero que me ensinem técnicas para rir
Matérias que me ensinem a viver

E toda a sua hipocrisia
Sua preocupação falsa me enoja
Álgebra, Física, História
Perturbam a minha memória

Soneto

Aviso prévio: o texto a seguir não segue as regras de métrica de um soneto

São dois quartetos
Esta é a minha especialidade
Mas com qual finalidade
Se faltarão dois tercetos?

Será que Camões teve essa dificuldade?
Afinal, são dois quartetos
Rimando com dois tercetos...
Levaria toda uma eternidade

Apesar de que eu levei apenas um minuto
Para fazer o último quarteto
No entanto, não escrevi sobre o desmundo...

Só comecei outro terceto...
Depois de ler isso num segundo,
O que dirão do meu soneto?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Guerra Paradoxal

Cachoeiras de lágrimas
Montanhas de defesa
Ataques de risadas
Numa guerra contra a tristeza

Bombas de flores
Estouro de beijos
Primavera de amores
Escravidão dos desejos

A Miséria é prisioneira
Fica oculta em sua prisão
No mar, Amizade é pioneira
O comércio tenta dominá-la em vão

Raios de luz solares
Pulverizam ódio e dor
Na noite, luzes estelares
Anunciam a vitória do amor

Medalhas entregues em abraços
Para os vencedores, numa guerra de paz
Do horror não sobraram pedaços
Nesta guerra que não houve jamais

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Distração Gramatical

Você pega a minha mão
E sorri ao mesmo tempo
"Pegar", verbo transitivo direto - dispensa preposição
Mas a minha alma pede complemento
Com o substantivo coração

Amor, sentimento amargurado
Inconstante, imutável
Dei-o a um sujeito indeterminado
Que tornou-se dispensável
Na gramática de um texto determinado

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Metrô

Trens que andam em túneis
Túneis que são mágicos
E que duram
Através deles se vê a noite
Nos trilhos escuros
E nas luzes estelares
Que guiam o condutor
Através deles se encontra a solidão
Nos corredores ocultos
Que gritam o som dos mares
E conversam com pudor
Portas de acesso
Que se abrem automaticamente
Pessoas vêm e vão
Escadas de acesso
Que andam sozinhas
Sobem e descem num minuto
Levam e trazem
Pessoas que conheço e que escuto
Ah, o metrô!
Lugar de poesias
Feitas e que estão por vir
Lugar para esperar
Lugar para se rir
Marcar encontros
Acidentes e desencontros
Conversar com os amigos
Enfrentar a multidão
Se afastar do mundo e ficar sozinho
E sentir aquela incrível
Indescritível sensação
Lugar dos primeiros beijos
De novos conhecimentos e de abraços
Lugar dos últimos beijos
De vagos momentos, os pedaços
Trens que andam em túneis
E escondem um segredo oculto na escuridão
Como eu queria que fossem infinitos esses túneis
Mas já chegou a minha estação

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Honestamente Feliz

Desculpe, mas hoje eu não vou ficar triste
Nem vou mais chorar
Não vou participar da novela que o mundo assiste
Desculpe, mas quero cantar

Quero encontrar a música que estava perdida
Dentro do meu ser
Quero reviver a minha vida tão querida
E os pesadelos esquecer

Desculpe, mas não acho que hoje vai chover
Acho que o sol vai se pôr mais tarde
Eu sei que o último feixe de luz irá reascender
A chama que ainda, um pouco, arde

Acho que as flores irão cair sobre mim
E o vento as fará dançar
Acho que esse dia está bem longe do fim
Porque hoje eu quero cantar

Desculpe, mas hoje não vou ficar triste
Nem vou mais me desculpar
Não vou participar da novela que o mundo assiste
Porque hoje eu quero cantar

O dia mais perdido de todos é aquele em que não se riu
- Charles Chaplin

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

(In)Existência

Meu corpo sempre funcionou perfeitamente
Porém, com o passar do tempo,
Acabei percebendo que era só o corpo.
Por muitas vezes senti-me um fantasma,
Já que eu parecia somente uma carcaça,
Um corpo vazio e sem alma...
...mas que insistia em sobreviver.
Meus olhos captam as imagens ao meu redor
E da mesma forma eu não enxergo
Meus ouvidos captam os sons que me rodeiam
Meu cérebro compreende
E minha boca responde...
Mas eu não sinto mais as palavras
Elas não causam mais impacto dentro de mim
Não me confortam,
Não me ferem,
Não me fazem entristecer
Não sinto mais o peso das palavras sobre o meu ser
Para mim elas não têm sentido,
São apenas rabiscos num pedaço de papel
Ou então ruídos jogados no espaço
Palavras não tem mais sentido
Não tem mais um porquê
Apenas estão lá, apenas existem
Como eu,
Que não vivo,
Simplesmente existo
Constituindo mais uma existência
Insignificante
Num mundo em que todas as existências
Possuem a mesma insignificância

Tarde Demais

Quero te amar como jamais amei
E como ninguém irá amar
Quero esquecer as tristezas que passei
E que você queira me abraçar

Quero fechar os olhos e me sentir segura
E quando abri-los, poder te encontrar
Não quero sentir medo quando a sala fica escura
Quero que você esteja lá para me acalmar

Quero ficar hipnotizada com o seu cheiro
Quero ver no seu rosto uma canção
Quero adormecer no seu peito
E lhe entregar meu coração

Quero ver o por do sol ao seu lado
Sentir a chuva novamente
Quero distinguir o quente do gelado
Quero te amar loucamente

Quero ouvir pela última vez sua doce voz
Quero correr por campos verdes, para seus braços
Quero correr, quero ser a mais veloz
Correria até o limite pelo seu abraço

Quero, mais do que tudo
Ver seu sorriso de novo
Sentir seu toque de novo
Sua mão no meu rosto

Quero que você cante para mim
Quero te encontrar, amor
Pare de me olhar assim
Não me dê esse olhar cheio de dor

Eu tive a minha chance
E sei que nada vai voltar...
...A ser como era antes
Já me conformei, então pare de chorar.

Queria te dizer que te amo demais
Queria segurar a sua mão
Te dizer, enfim, então
Te amei muito mais do que pensais

Queria cantar para você, mas...
Nem nos seus sonhos você pode me ouvir
Agora que "descanso em paz"
Você pode voltar a dormir

domingo, 17 de outubro de 2010

Partida

Você chegou sem avisar
E roubou meu coração
Toda noite ouvi você tocar
Para mim uma canção

E eu flutuo ao lembrar
Dos momentos que passamos juntos
As minhas mensagens no seu celular
Você me abraça e junta nossos mundos

E o seu sorriso é incrível
O poder que você tem sobre mim
Tudo à minha volta fica invisível
Quando você me sorri assim

Eu nunca senti ciúme
Até te conhecer
E adoro o cheiro do perfume
Que está sempre em você

Quando você me toca
Quando me dá um beijo...
Minha mente te foca
E você é tudo o que eu vejo

Mas agora você vai embora
E eu sinto que irá me abandonar
Por isso preciso te dizer agora
Que sou eu quem mais vai te amar

E mesmo que você não volte
Eu aqui vou estar
E mesmo que do seu abraço eu me solte
Não irei parar de te amar

E pensarei em você
Todos os dias que não estiver aqui
E eu sempre vou saber
Que na verdade eu nunca te perdi

Isso não é um adeus
Porque eu sei que voltarei a te encontrar
Sentirei seus dedos se entrelaçando nos meus
Quando por mais uma vez eu for te abraçar

Para Lígia e Gustavo
Que o amor de vocês seja eterno, enquanto dure.

Ignorância

Eu ando sozinha
Eu ando na chuva
Chuto uma pedrinha
Reparo numa luva

Continuo andando
E ignoro cada pessoa
Ando ignorando
O trovão que me atordoa

Ignoro cada pingo
Que cai pesado e corta a minha face
Ignoro, não minto
Ignoro o momento que eu queria que ficasse

Ignoro cada passo
E finjo que ignoro
Quando você ignora o que eu faço

Ignoro as conversas
E continuo andando
Situações diversas
Que ando ignorando

Ignoro o amor
Ignoro a vida
Ignoro minha dor

Ignoro enfim,
A ignorância
Que me persegue
A pouca distância

domingo, 10 de outubro de 2010

Último Pedido

Eu quero que você sorria
mesmo quando o último feixe de luz desaparecer na escuridão
Quero que você cante
mesmo quando eu estiver muito longe para ouvir
Eu quero que você brilhe para os outros
mesmo quando ninguém brilhar para você
Quero que procure a lua no céu
mesmo quando a noite estiver muito intensa
Eu quero ver lágrimas correndo do seu rosto
só quando forem de felicidade
Quero que ame
mesmo quando você não for amado
Eu quero que se arrependa
e descubra que será sempre perdoado
Quero muito que você fique
quando te peço para ir embora
Preciso que me abrace
no momento em que você está lá fora
Eu quero que você segure
e ajude a juntar os cacos do meu coração
Eu quero que você sorria
mesmo quando o último feixe de luz desaparecer na escuridão

Vida na Cidade

"No topo de um edifício
Dois urubus
Perdem o apetite"

Mortos-vivos não existem
Vivos-mortos já não sei
Eles tomam decisões mas não decidem
Se fiquei ou se mudei

Governados por dinheiro
A ambição é o seu guia
Ou se é lobo ou se é cordeiro
Na vida que importou um dia

Olhos penetrantes
Invadem seus segredos
Os guardam em estantes
E despertam os seus medos

Eles levam uma vida subumana
Ratos de esgotos, imundos
Nenhum dos explorados se levanta e reclama
Da vida que levam, os sujos

São só passos andados
Num caminho sem rumo
São só homens mandados
E assassinatos que não assumo

Pois não existem mortos-vivos
Vivos-mortos eu já sei:
No começo tão convidativos
Mas são iguais aos que deixei

Perdido

E eu pensava
Que pudesse entender
A sociedade escrava
Da ganância de poder

E até tentei
Viver no mundo
Conheci um rei
Um rei imundo

Por mais cem anos
Tentei viver
Percebi que estamos
Cegos sem querer ver

Não entendi
Nada sobre a sua filosofia
Mas estou aqui
Vendo o que você via

Mas não consigo
Fazê-los ver
Não encontro um amigo
Que eu possa perder

Não encontro
Nem um lugar
Que depois de pronto
Eu possa abandonar

E eu pensava
Que pudesse entender
A sociedade escrava
De tristeza e poder

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Chuva de Música

Olho pela janela e chove lá fora
Fecho os olhos e ouço doce som
Perto da casa onde não vive, só mora
Um ser que arranca do piano o mais lindo tom

Notas intensas que saem do órgão
Melodia que dá vida aos raios da noite
Som inaldível para aqueles que não se importam
Confortável para quem leva do algoz o açoite

Música não lúcida, mas tão bela
Artifícios de um astuto compositor
Ritmo que acalma o coração da fera
Mandando embora a sua dor

Gotas que escorrem do céu para o chão
Gotas que saem de olhos tão tristes
Dedos deslizam pelas cordas de um violão
Transgredindo numa canção o que sentistes

No momento mais intenso da ópera
Um clarão ilumina negra nuvem
Embebidas de licor e trôpegas
Duas orquestras na chuva surgem

No topo de um prédio eu vejo a chuva caindo
Cada gota dá mais vida para a cidade
E as gotas não me tocam, mas estou sentindo
A chuva que desperta minha saudade

A chuva melódica toca fundo a minha alma
E as lembranças provocam uma mudança de estado
Mas a nova música, devagar, me acalma
Me auxiliando a abandonar o meu passado

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Devaneio

Linhas mortas se descrevem
Num arco-íris de cores
Só de olhar eles percebem
Se tu colheste belas flores

Linhas mortas que descrevem
A feição oculta de um ser
Eles chegam perto e medem
Os traços que constituem você

Linhas mortas desenhadas
Pela mão do mais nobre deus
Linhas tortas, emaranhadas
Nos cabelos que são teus

Linhas mortas, imperfeitas
Delicadas na afeição
Linhas mortas, tão perfeitas
Preenchendo o coração

Linhas mortas, agora escritas
Descrevendo outro poema
Pensamento de tantas vidas
Juntas num só dilema

Linhas mortas deitam no papel
Quando estou sozinha, sem você
Quando deixei dos teus lábios doce mel
Linhas mortas vieram me escrever

domingo, 19 de setembro de 2010

A Noite

O sol vai embora
E com ele vai a alegria
Todo um mundo lá fora
Sumiu quando terminou o dia

E já agora escureceu
Não vejo nada
Pois a minha luz não ascendeu
No meio da sua estrada

Mas a noite não traz consigo
Apenas o frio
Ela traz estrelas para brilharem comigo

Transformando minha lágrima num único fio
Um fio de cristal
Que se quebra no profundo vazio

Descubro que as estrelas de antes
Eram parte de outra lágrima que se quebrou
A lágrima de um dos amantes
Que escorreu do rosto daquele que ficou

Dessa mesma forma
No pranto de dois anjos distantes
É que o dia se torna
Noite em alguns instantes

E existe um momento
Que a minha lágrima se junta com a sua
A junção do sentimento
Forma o que hoje eles chamam de "Lua"

E assim se sucede
A noite enfeitada de sofrimento
Mas o sol hoje promete
Voltar com o calor do alento

E depois ele sempre volta
Com a luz que te traz para perto
E eu fico tão envolta
Sentindo que tudo é tão certo...

E toda noite eu choro
Enfeitando o céu a pensar
Que toda noite eu imploro
Para que o sol volte a brilhar

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Poemas Corretos [modificado]

Você me fala sobre rimas
Rimas ricas que eu nunca fiz
Me fala sobre ritmos enquanto ficas
A pensar n'outro canto infeliz

E me fala das oitavas
De sílabas tônicas no final
Os meus versos deitam nas escadas
Junto das rimas que escrevi tão mal

Não precisa seguir regras poéticas
Nem de padrões para escrever
Não quero palavras belas e estéticas
Quero os sentimentos que vêm de você

Mas os meus versos deitam nas escadas
Junto das rimas que escrevi tão mal
São seus poemas constituídos pelas oitavas
Que os encantam tanto no final

O Que Temes?

Diga-me, por favor
Temes que algum dia possas morrer?
Temes que caia num buraco
Temes que possas ser queimado
Temes o fogo e seu ardor?

Diga-me, alma perdida
Temes a escuridão?
Temes a partida
Precisar olhar para trás
E descobrir que tudo foi em vão?

Diz com sinceridade
Teu maior medo não era
Permanecer num abismo por toda a eternidade
Teu maior medo era morrer
E descobrir que nunca soube viver

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Reflexo do Espelho

Já faz um certo tempo
que eu venho me perguntando
Quem é a pessoa para quem eu olho todo dia no espelho
Aquele sorriso ensaiado
e os olhos que denunciam a minha melancolia
Aquele sorriso ridículo
que é distribuído a todos...

Diante das injustiças que um espelho reflete
vejo o mundo de antes
tão doce e calmo
vejo o mundo de hoje
destruído por aquele que vejo refletido no espelho
São prédios de arame farpado
São soldados mortos e prisioneiros de Guerra
São mendigos que pedem esmolas
e a poluição que sai do escapamento dos carros

Já faz um certo tempo
que eu venho me perguntando
Quem é a pessoa para quem eu olho todo dia no espelho
tanto tempo sem viver
tanto tempo sem perceber
Que resta o céu, intocado pela imagem
do reflexo no espelho
Já não mais refletido pela água barrenta
Vejo o céu refletido no espelho
e a seringa ainda fresca
O reflexo do céu num espelho
Mas já faz tanto tempo...

Não Sei Falar

Eu pensei que eu pudesse dizer
Qualquer coisa, a qualquer hora
Para qualquer um, principalmente você
Mas percebi que não dá pra colocar para fora
O que existe dentro do meu ser

Meus sentimentos não cabem em palavras
E meus pensamentos não conseguem se transformar
Simples frases ficam cada vez mais pesadas
Confusas, se prendem, e não consigo falar

Mesmo frustrada, preciso admitir
Independente de quem fosse
Eu nunca consegui me abrir
E isso não parte da minha vontade
Porém, da minha falta de capacidade

Mas o que eu posso fazer?
Nunca fui muito de falar
Para a minha inutilidade esconder
Tudo o que me resta e escutar

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quem É Que Foi?

Por que é que criaram o Amor
Se ele é tão perverso?
Quem é que foi que criou o Amor
E fez com que estivesse sempre disperso?

Será que eles nunca pensaram,
Que existem consequências?
Será que nunca, jamais imaginaram
Que isso machuca as pessoas com frequência?

Por que é que criaram o Amor
Se ele trouxe consigo
A Saudade, a Ansiedade e a Dor?
Eu penso comigo...

Estar pronto para amar
É estar pronto para sofrer
É poder sempre dar
Para nunca receber

Mas quem é que foi que criou as lágrimas
Que correm soltas sem temor?
Quem é que foi que criou as lástimas?
Ah, sim! Este foi o Amor

Lágrimas de Dor, Lágrimas de Amor

Seus cabelos caem no seu rosto
Voam com o vento e vêm me procurar
E me fazem chorar com desgosto
Pela saudade que vêm despertar

O odor que é natural do seu corpo
Sem fragrância se espalha pelo ar
Seu cheiro invade o espaço, meu corpo
E sem querer começo a chorar

Seu rosto às vezes tão sério
Faz toda a sua beleza transbordar
O formato da sua face é um mistério
Que eu não consigo desvendar

E os seus olhos tão profundos
Seus olhos não me deixam descansar
Castanhos, me levam para mundos
Que me fazem outra lágrima derramar

E o seu sorriso, tão belo
Faz a harmonia despertar
Num sorriso tão singelo
Tão doce quanto o luar

Tu és simplesmente tão perfeito
Que me faz querer te afastar
Mas eu sei que estarei no seu leito
Quando a última lágrima rolar

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Nem Como Goethe, Nem Como Werther

Dormir...
Me parece a única forma de parar de pensar...
...de se desligar do mundo,
de deixar pra trás os problemas,
de esquecer dessas dores...

Dormir...
Oh, doce sonho que me leva para longe
que me afasta desse mundo
nefasto
escuro

Dormir...
Brilho intenso que se extingue
olhos fechados não vêem seu rosto
mãos atadas não tocam seu corpo
meu coração não sofre mais
ao dormir...

e me debato, procurando
de olhos fechados tateio,
encontro
apenas o ar ao meu lado
e acordo
Derramo meu pranto com as lágrimas
que estavam presas enquanto
eu dormia

Dormir...
Me parece a única forma de parar de pensar
em você
O único meio de conseguir esquecer
você

Parar de pensar,
Parar de sentir
Ah! como eu queria
para sempre dormir

...

Ao invés de ar puro
Fumaça de cigarro e poluição
Ao invés de sentir-se seguro
Dentro de seu lar existe agressão

As crianças não estão nas escolas
Estão nas ruas, procurando diversão
Depois acabam se vendendo, pedindo esmolas
Um vira assassino, outro vira ladrão

Adolescentes drogados
Garotas entrando na prostituição
Menininhos ricos e mimados
Outros rezam por um pedaço de pão

Ao invés de uma flor
Um tiro de canhão
Não há mais amor
Liberdade ou compaixão

A sociedade está ridícula
E o mundo finge que não vê
Que será destruída cada partícula
Tudo por causa de ganância e poder

sábado, 11 de setembro de 2010

O Sabor das Lágrimas

A lágrima de tristeza é bem salgada
E vem junto com a dor
Mas é fácil de ser curada
É só me dar muito amor

A lágrima da saudade também é salgada
Mas tem um gosto familiar
Faz me lembrar de quando sentávamos na calçada
Juntinhos, só para conversar

Já a lágrima de raiva é amarga
Cheia de mágoa e solidão
Mas não demora, não tarda
Para que evapore do meu coração

E a lágrima de alegria é tão doce
Quanto um beijo seu
Faz parecer como se você fosse
Somente e todo meu

Mas tem uma lágrima cujo sabor
Não dá para dizer
É uma lágrima cheia de amor
Como aquelas que derramei por você

Eu Me Lembro

De que servem tantas medalhas
Para pessoas que só causaram destruição?
Por que homenagear esses canalhas
Que não tiveram compaixão?

De que servem tantos títulos
Se na guerra só há ganância por poder?
De que serve ser lembrado como um mito
Se de qualquer maneira todos irão perder?

Por que toda essa raiva, de que serve tudo isso?
Todos dizem que já passou,
Todos dizem que deve ser esquecido

E as pessoas esqueceram
Esqueceram do amor
Dos que morreram

Hoje eu só lembro do medo e do terror
Das lágrimas nos olhos daqueles
Que para sempre tudo perderam

Meu Mundo

Eu vivo em um mundo onde não existe religião
Um mundo no qual todas as pessoas
Pensam com o coração

Eu vivo em um mundo onde não existe dinheiro
Um mundo no qual as pessoas se amam
E sorriem o tempo inteiro

Eu vivo em um mundo onde sempre há vida
Um mundo cheio de natureza
Um mundo onde não existe tristeza

Eu vivo em um mundo sem defeitos ou problemas
Um mundo que o Homem irá descobrir
E com certeza destruir
Desfazendo este poema

Sonho de Esperança

Nas ruas os carros passam
No céu só vejo poluição
Prédios as paisagens tapam
Não existe educação

Neste mundo cheio de crime
Solidariedade você pode esquecer
Respeito não existe
As pessoas não sabem mais viver

Fios conduzem eletricidade
Pessoas conduzem destruição
A paz está fora de órbita
Rosas morrem no chão

Dinheiro é prioridade
As pessoas só compram
Compram roupas, desculpas e faltas
E se esquecem da verdadeira felicidade

O que há com o mundo?
E com as pessoas então?
Será que com vontade e dedicação
Consigo achar uma solução?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Adeus

Quero parar o tempo
No sofrido momento
Em que tenho que lhe dizer "adeus"

Perdida em seus braços
Me encontro nos lábios
Que tão tristemente abandonam os meus

Ouvindo sua voz delicada
Do mundo não escuto mais nada
Simplesmente um susurro de adeus

Os seus olhos brilhando
E os meus se apagando
Meu corpo e o meu pensamento são seus

E a saudade começa
Antes mesmo que eu me despeça
E a sua força supera a de um deus

Mesmo escutando "eu te amo"
Dentro de mim eu te chamo
Mas tudo o que digo é "adeus!"

Devaneio Numa Tarde de Inverno

Sentada num banco
no meio da praça
Um pássaro branco
demonstra sua graça

O sol da tarde de inverno
deixa todo o cenário alaranjado
O pássaro chega tão perto
e tão docemente ouço seu canto delicado

Tiro do bolso uma folha
Com um pedaço de carvão começo a desenhá-lo
Fora triste a minha escolha
Já que ele voou antes que eu pudesse terminá-lo

Num princípio de desenho
e ao som da água que cai lentamente
Sonho com o mundo que não tenho
e com o canto do pássaro contente

São só folhas amareladas
que não existem nas árvores do inverno
São só folhas alaranjadas
pelo reflexo do sol do inverno

Folhas com versos
que deitam num banco
A água tão perto
de um pássaro branco