quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Retorno

Não importa quão bonitas sejam as praias, nem quão encantadoras sejam as paisagens. Eu sei que quando voltar e sentir aquele cheiro de poluição misturado com o suor das pessoas apressadas com seus relógios à minha volta, e sentir aquela garoa fina junto do barulho das buzinhas de um trânsito infernal, eu irei sorrir pois saberei que cheguei ao melhor lugar do mundo: minha casa.


Olho pela janela do avião
E reconheço aquela cidade
Aquela que faz acelerar meu coração
Quando eu volto de viagem

A noite já vai caindo
Quando eu chego na cidade
E então já vou sentindo
Que vai passando essa saudade

Muitos sentirão falta do mar
Outros sentirão falta da calma
Mas não há nada como voltar
Para onde pertence a minha alma

E já posso ver nas janelas
Tantas luzes a piscar
Não são luzes das estrelas
São as luzes do meu lar

Reconheço cada som ao fundo
Tão doce e tão familiar
Não há melhor sensação no mundo
Do que para casa voltar

Protetor Solar...

Quando se está na praia embaixo de um sol de nove horas da manhã e se pretende ficar como um frango assando até as duas horas da tarde, um tubo de protetor solar é pouco. Não escrevo isso por causa do cancêr de pele, nem por causa das manchas que provavelmente surgirão no corpo, não. Eu escrevo isso por causa da dor. Sim, essa dor insuportável que vai te atormentar por pelo menos uma semana.
Aquela dor que não te deixa um minuto sequer. O tecido em contato com o seu corpo faz parecer que sua pele foi arrancada, está em carne viva e a cada movimento você sente que alguém está passando palha de aço por cima.
Tomar banho pode até soar refrescante, deixar a água fria cair nas costas, nos braços e nas pernas em febre. Pois é. Não é. As gotas batem com força e evaporam rapidamente pelo calor. É como se uma chuva de ácido estivesse desfazendo cada partícula do seu físico.
Sentar, abaixar, levantar os braços, fora de cogitação. Cada dobra que surge parece ser cortada por uma lâmina ardente e afiada.
Depois de banhos de hidratantes e noites em claro sem poder se mexer, pois só o contato do ar com você o faz querer chorar de dor, o vermelho sangue vai se transformando em marrom e a dor diminui.
Claro que nesses momentos você encontra um amigo que vai te dar um abraço bem apertado ou um tapinha nas costas... Mas isso é detalhe.
Daqui a pouco a pele morena vai cair e o corpo parecerá o de uma cobra em transofrmação. Mas isso é o de menos. O que importa é a dor. A dor torturante do sol infernal que queima suas células. Ficar melado de protetor solar é melhor do que sofrer tudo isso. Não vale a pena.
Tenho que ler isso antes de viajar de novo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Sol e A Chuva



 



Há muito tempo atrás, mesmo antes de existir o tempo, numa floresta distante, pássaros se assustavam com os trovões, os rios estavam cheios demais, causavam enchentes. O céu era escuro, coberto por um manto de nuvens negras. A chuva caía com força.

  


 
Do outro lado dessa floresta, longe dali, flores não desabrochavam, o chão estava repleto de folhas secas. A água dos lagos tinha evaporado e os galhos das árvores quebravam com facilidade. O sol brilhava com força.




Um dia, o poderoso vento empurrou as nuvens para perto do sol. A calma entediante foi interrompida por um barulho estrondoso de relâmpagos.

E então o Sol conheceu a Chuva.

Ela, discreta, não quis chamar atenção diante de algo tão brilhante, tão profundo. Acalmou-se a tempestade, virou chuva suave. Ele, tímido, não pôde evitar de ficar vermelho na frente de tanta beleza.

Resolveram chegar mais perto, sentir um ao outro. E as gotas da chuva se fundiram com os raios do sol. E algo mágico aconteceu... Pela primeira vez, o sol e a chuva sorriram, e esse choque era colorido.

O horizonte agora era infinito, o frescor invadia o espaço. Borboletas dançavam sob um céu de sete cores puras. O mundo todo viu o primeiro arco-íris,

quando o Sol encontrou a Chuva.



segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Futilidade do Meu Pensamento

Nem que por toda eternidade eu repetir
Que amo muito você,
Até mesmo depois que eu partir,
Não cansaria de dizer

E mesmo que eu não diga
Tanto quanto almejo
Adoro ser mais do que sua amiga,
É só isso que eu desejo

Tocar o seu rosto
E poder encontrar
Da vida, doce gosto
Numa noite estelar

Como eu gostaria que meus versos
Fossem capazes de traduzir
Sentimentos que foram despertos
Quando você começou a sorrir

Como eu gostaria de dedicar-lhe poemas
Profundos como o mar
Ou simplesmente disfarçar os dilemas
Que vêm me procurar

Mas nem o silêncio que aqui vês
Mostra o que estou a sentir
O que digo é que amei você
Desde o momento que te vi sorrir

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sozinho ou Dividido

O Amor
Existe por si mesmo, sozinho
Assim como uma flor
Que cresceu pelo caminho

Não se pode dizer
Que é um sentimento como qualquer outro
Como se pode ver,
Ele é o único que ainda preso, corre solto

A felicidade nada mais é do que a felicidade
E como ela
Tantos outros sentimentos são de verdade
São passageiros como ela...

Mas o Amor
É o único e mais difícil de definir
Até mesmo de um dissabor
Ele é capaz de nos fazer sorrir

O Amor existe por si só
E às vezes se divide
Quebra corações sem dó
Como por muitos anos neles reside

Mas o Amor existe sozinho
E muitas vezes escolhe para morar
Um coração que enche de carinho
Um coração que aprende a cantar

E por mais que não seja correspondido
O Amor daquele coração,
O sentimento fica lá, escondido
Adormecendo uma paixão

O Amor existe por si mesmo, sozinho
E por um tempo enche de contentamento
Distribui aquele anterior carinho
Para depois chegar o sofrimento

Afinal "paixão"
Não significa "padecer"?
Aquele coração
Está destinado a sofrer

Mas se esperar um pouco
Verá que ele não morreu
Encontrará um outro
Coração que já viveu

E poderia apaixonar-se
Viver feliz para sempre
Com cuidado ao aproximar-se
Pois o contentamento é descontente

O Amor existe por si mesmo, sozinho
E sua melhor rima ainda é "dor"
Mas podemos divivdir nosso carinho
E encontrar num olhar todo o seu valor

O Final

Preciso de um final
Para a minha poesia
Um que seja excepcional
Que possa fundir tristeza e alegria

Preciso de um final
Para o filme, para a novela
De um efeito virtual
Que o público não espera

Preciso de um final
Para a música que não escrevi
Uma nota especial
Cantada pela voz que não ouvi

Preciso de um final
Para aquele lindo sonho
O sonho mais real
Que trazia seu semblante risonho

Preciso de um final
Para a minha poesia
Um que seja tão igual
À minha triste alegria

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Como Dizer?

Procurei por meio de versos expressar
O que eu sentia quando pensava em você
Nem prosa nem poesia puderam explicar
O que meu coração desesperado queria dizer

Longe das métricas da linguagem
Envergonhando o espírito da literatura
Criei na imaginação uma imagem
Um quadro disforme e sem moldura

Procurei em tantos livros uma inspiração
Mas de alguma forma ela fugia
Decidida a escrever para ti, em vão
A mais bela e sincera poesia

Acompanhada de uma ingenuidade pueril
E de uma certa presunção
Tentei escrever o que ninguém mais sentiu
Ou descreveu numa canção

Ah, opróbrio da gramática!
Por que as palavras não podem falar
A poesia aqui fantástica
Que minha alma muda tenta ditar?

Por que não a escutam, os surdos dedos
Que são hábeis para escrever?
Por que, trêmulos, não superam seus medos
E dizem logo que eu amo você?

Quantas?

Quantos anos são necessários
Para que a idade seja menos importante que os aniversários?
Quantos beijos são precisos
Para que a humanidade aprenda a amar?
Quantas guerras serão travadas
Até que se descubra a paz?
Quantas vidas ainda vão ser tiradas
Para que as pessoas dêem valor à vida?
Quantas histórias precisarão ser contadas
Para que se acredite em contos de fadas?
Quantas músicas serão tocadas
Para que encontremos harmonia numa canção?
Quantas décadas serão recordadas
Até que se lembrem da alegria de um encontrar de mãos?
Quantas preces precisarão ser atendidas
Para que o ser humano respeite a sua e a minha religião:
Quantas flores precisarão crescer
Para vermos que o perfume natural é melhor de se cheirar?
Quantos cegos deixarão de ver
Para ensinar-nos a enxergar?
Quantos surdos serão precisos
Para apreciar uma sinfonia?
Quantos mudos serão precisos
Para sussurrar o segredo da alegria?
Quantos?
Quantos dias de chuva irão vir
Para que mais uma vez o sol possa surgir?
Quantas estrelas são necessárias
Para trazer a luz da noite?
Quantos abraços terão que ser entregues
Para acalmar a dor do açoite?
Quantas despedidas serão feitas
Até que haja um reencontro?
Quantas brigas serão ainda eleitas
Até que se ame o mais horrível monstro?
Quantas,
Quantas vezes terei que perguntar
Até que eu encontre alguém
Que possa me explicar
O que não pôde mais ninguém?
Quantas pessoas perdidas
Tentarão ainda me dizer,
Quantas perguntas não respondidas
Esta noite eu irei escrever?

Natureza de Saudade

Sob um céu salpicado de estrelas
Encontro o brilho do seu olhar
Suas mãos, como gostaria de tê-las
Perto de mim para me abraçar

Num céu azul nuvens escrevem seu nome
E sua voz vem me ninar
O vento passa e a nuvem some
Mas você continua a cantar

Campos verdes me trazem a calma
Que eu não encontrei
N'outro lugar, só na sua alma
E com você eu sonhei

A brisa leve da aurora
Me envolve em profundo frescor
A brisa que passa e vai embora
Traz o cheiro do meu querido amor

As flores tão lindas me lembram
Dos traços da sua face
Enquanto meus pensamentos atentam
Para um botão que agora nasce

Um botão cheio de saudade
Dos dias que passei com você
E a noite me deixou com vontade
De mais uma vez poder te ver